terça-feira, 2 de janeiro de 2018

‘População da PB vai a 4 mi, mas não há estrutura’, diz especialista

02/01/2018

A população da Paraíba deverá chegar aos 4 milhões de habitantes em 2018, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), e a pergunta que se faz é: o estado está preparado para uma população de tal magnitude? De acordo com especialistas, um aumento de população como esse deveria ter sido preparado há anos e de maneira sustentável.

Para o professor de Geografia Carlos Campos, esse aumento populacional é muito preocupante, tendo em vista que cidades como João Pessoa não estão preparadas para um crescimento dessa proporção.
“Esse aumento é uma preocupação. Não só na cidade de João Pessoa, mas nas principais cidades do Brasil, que é esse crescimento exagerado e anormal urbano. Essas cidades não estão realmente preparadas para absorver toda essa mão de obra que cresce devido ao próprio aumento natural da população através da taxa de natalidade ou, no caso específico aqui da Paraíba, devido ao êxodo rural”, explicou o geógrafo.
De acordo com o professor, o êxodo rural ainda é significativo na Paraíba, o que além de provocar o aumento populacional, ocasiona no crescimento de problemas graves em moradia e favelização.
“O êxodo rural ainda é crescente aqui e isso provoca esse crescimento exagerado das cidades; no caso específico de João Pessoa, a gente já convive com alguns problemas graves na questão moradia, com o crescimento das favelas”, disse.
Ele acrescentou que outro problema é a mobilidade urbana, que precisa ser repensada. “A questão da própria circulação dentro da cidade, a mobilidade urbana, que é um problema grave. Acho que temos que repensar essa cidade nessa questão de criar alternativas para que as pessoas possam circular sem enfrentar esses transtornos do dia a dia”, afirmou.
Segundo o geógrafo, o aumento na população do estado também se reflete na política, com a alta do número de eleitores. Ele voltou a tocar no assunto infraestrutura, que é deixado de lado pelos gestores e administradores.
“Os gestores não pensam na cidade para o futuro, ou seja, não criam obras de infraestrutura para pensar nesse crescimento populacional, para que exista uma preocupação em relação à qualidade de vida”, explicou.
Ele disse ainda que essa falta de ordenamento pode acarretar em problemas ambientais e de segurança pública.
“No momento que essas cidades crescem sem ter um ordenamento, um planejamento urbano, isso afeta diretamente a qualidade de vida, inclusive começamos a evidenciar problemas de poluição, criminalidade, violência urbana etc. Tudo isso é resultado desse crescimento anormal”, frisou.
Prefeitura de JP diz que está preparada 
De acordo com o secretário de infraestrutura da cidade de João Pessoa, Cássio Andrade, a cidade de João Pessoa tem se preparado, visto que faz parte do Programa Cidades Sustentáveis que tem por finalidade corrigir problemas de grandes cidades.
“João Pessoa faz parte do programa Cidades Sustentáveis, que visa exatamente corrigir problemas em cidades que beberam em torno de 800 a 1 milhão de habitantes, e em todo o mundo foi feito um estudo explicando que não é interessante expandir a mancha urbana da cidade, o interessante é adensar”, explicou o secretário.
Segundo Cássio Andrade, o importante mesmo é adensar bairros que já possuem uma boa infraestrutura. “Nós temos vários bairros que podem ser adensados exatamente porque já possuem toda a infraestrutura, que é o caso do Bessa, e bairros mais centrais que a gente pode adensar ainda mais. Ainda existem áreas propícias a construção e com esse adensamento você consegue levar mobilidade, ter acesso ao pavimento, ao esgoto e a água mais facilmente. Então essa é a intenção, adensar as áreas e não expandir a mancha urbana”, finalizou.
Veja o que falou o secretário
Para a população paraibana, que cresce diariamente, as expectativas para o novo ano são de um futuro melhor e diferente, com mudanças, principalmente na área política. De acordo com o agente comunitário Francisco Tavares de 37 anos, o Estado e o País precisam de uma renovação.
“Hoje o Brasil está precisando de uma lavagem política. Os representantes que nós temos aí só representam eles mesmos. A população, principalmente a carente, necessita de um representante que esteja preocupado com a população. Hoje a gente vê que só se preocupam com o bolso deles. Com o que vão fazer para eles. O Brasil só vai ter um bom futuro se eles tiverem vergonha e repensarem a boa política”, disse Francisco.
O agente comunitário disse ainda que, em sua visão, a Paraíba não está preparada para chegar à marca de 4 milhões de habitantes, levando em conta que – para ele – a economia do estado não é desenvolvida.
“Eu acho que a Paraíba não está preparada para uma população dessa, porque a economia do estado não é bem desenvolvida e nem elevada. A Paraíba não suporta porque o desemprego não só aqui, mas em todo o Brasil é grande”, opinou.
Segundo Francisco, no ano de 2018 toda a população terá em suas mãos o poder do voto e não pode deixar passar essa oportunidade de mudança.
“Temos em nossa mão o futuro do Estado, basta que a população tome consciência dos seus atos e deveres. Muitas vezes a gente pensa que só tem o dever de ir lá e votar, mas nós temos que procurar saber quem está nos representando”, afirmou.
A monitora Mailde Ferreira, de 56 anos, compactua com a mesma opinião de Francisco e entende que a política precisa mudar.
“Eu acho muito importante que a política organize o Brasil. Muita gente vota nos políticos para que eles ajudem a população que precisa muito. Eu acho que a política precisa mudar. É muito problema, muito roubo, muito desemprego, o povo sofrendo muito, o povo pobre principalmente… O governo tem que olhar isso. Eu espero que melhore no próximo ano”, disse.
Portalcorreio

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